terça-feira, 16 de abril de 2013

Capitulo 5

                                                     







Narrado por Justin

            Se alguém me dissesse, há cinco anos, que eu poderia sentir um medo e uma dor maiores do que senti quando perdi a mulher da minha vida, eu não teria acreditado. Dirigia feito um louco de volta ao hospital. Pensava somente em chegar o mais rápido possível e ver meu filho. A voz aflita de Esme ao telefone dizendo que Brian estava hospitalizado tinha feito o chão desaparecer sob meus pés.  Meu coração palpitava, o suor escorria pelo meu rosto, eu estava assustado. Naquele momento o tempo parou para mim. Quanto mais eu corria mais eu tinha a impressão de que nunca chegaria lá. O hospital nunca me pareceu tão distante.

Nem sei como parei o carro na minha vaga do estacionamento. Nem sei se parei o carro na minha vaga do estacionamento. Não me importava com mais nada, tudo o que me interessava naquele instante era que meu filho estivesse bem, vivo. Corri angustiado pelos corredores até o quarto em que Brian estava. Meu coração continuava acelerado quando entrei. Ele já havia sido operado e ainda dormia sob o efeito da anestesia. Acariciei levemente sua testa afastando-lhe os cabelinhos castanhos avermelhados como os da mãe. Segurei sua frágil mãozinha, sentando-me na poltrona ao lado de seu leito e fiquei algum tempo velando seu sono. Sentia-me exausto. Recostei-me na poltrona fechando os olhos e em uma prece silenciosa agradeci a Deus por meu menino estar vivo. Senti a presença de alguém no quarto e ao abrir meus olhos deparei-me com jasmine  saindo silenciosamente. Meu Deus! Como eu devia àquela mulher por correr com meu anjinho para o hospital. Não conseguia nem pensar no que poderia ter acontecido se ela tivesse esperado por mim.

jasmine era uma moça simples e modesta. Durante nossa curta conversa no quarto, ela me disse que quem merecia os créditos por ter salvado a vida de Brian era a Dra. lavigne. Era curioso como duas pessoas que trabalhavam em um mesmo setor ainda não tivessem se conhecido. Eu tinha começado a trabalhar havia quatro dias e ainda não a tinha visto. Mas eu precisava agradecer. Aproveitei a presença de jasmine no quarto para falar com a Dra. lavigne.

Eu andava pelos corredores perguntando por ela, mas ninguém a tinha visto. Já estava começando a me perguntar se essa mulher era real. O hospital não era assim tão grande para que ela desaparecesse daquela forma. Foi alicia  quem me disse que ela estava no berçário examinando um paciente. Corri para lá, antes que ela se evaporasse de novo, parando diante da parede de vidro que separava o berçário do corredor.
Eu via uma mulher que se curvava sobre o berço para depositar ali um bebê recém-nascido. Seus cabelos longos caiam à frente de seus ombros tampando-me a visão de seu rosto. Ela acariciava com ternura o rostinho do bebê enquanto eu permanecia em silêncio observando o carinho com que ela o tratava. Sentindo-se observada, ela ergueu o olhar diretamente para mim e ... sorriu.

            Um turbilhão de emoções tomava conta do meu corpo. Surpresa: minha esposa estava novamente diante de mim. Incredulidade: eu a havia perdido cinco anos antes. Medo: eu poderia estar enlouquecendo. Raiva: por que Deus estava fazendo aquilo comigo? A única palavra que consegui articular depois de segundos a observá-la foi “Isa”.

E, finalmente, dor: não era ela. A ilusão de tê-la novamente comigo se desfez quando cravei meus olhos nos seus. Não eram verdes, e sim, azuis. Eu não conseguia me mexer, nem falar e nem chorar. A cena que se desenrolava diante de mim era muito mais do que eu podia compreender. Ela ainda sorria quando senti a presença de alguém perto de mim. A voz angustiada de caitlin me tirou do meu transe:

 caitlin: justin?

justin:caitlin ... por favor ... olhe para dentro do berçário e ... me diga que ... não há ninguém ali. – implorei sentindo-me sufocado. – Me diga que eu estou louco, minha irmã.

caitlin  me envolveu pela cintura enquanto jason nos abraçava apertado. Fechei os olhos com força na tentativa de dissipar aquela imagem e recobrar a razão e quando voltei a abri-los não havia ninguém ali. Minhas pernas perderam as forças e meus joelhos tocaram o chão. As lágrimas já transbordavam em meus olhos. Eu havia enlouquecido. A saudade que eu sentia havia me tirado a sanidade.

jason: Venha conosco, justin. Eu e caitlin precisamos conversar com você. – jason dizia baixinho em meu ouvido. – Vamos para a minha sala. As pessoas já estão nos olhando.

Só então percebi um número crescente de funcionários que nos olhavam assustados e confusos. Não sei de onde tirei forças para me levantar do chão frio do hospital e caminhar até a sala da diretoria. Não sei como cheguei até lá. Estava confuso, perdido e, acima de tudo, com medo. Se eu estivesse realmente louco, o fantasma de Isa me perseguiria em todas as horas do dia, em todos os lugares daquela cidade.
Narrado por Avril

Eu estava feliz como havia muito tempo não acontecia. Meu dia tinha começado bem: havia sonhado que minha irmã não me olhava mais com ódio, o pequeno Allan já não estava mais em estado grave, Brian estava a salvo e Claire, apesar de ser prematura, ficava mais forte a cada dia. Ela havia adormecido em meus braços depois do exame de rotina. Era tão pequena e frágil que me dava vontade de segurá-la e protegê-la o tempo todo, mas eu não podia ficar ali. Tinha outros pacientes para visitar. Contra a minha vontade, tive que devolvê-la para o bercinho forrado com uma delicada manta rosa, presente das enfermeiras do hospital que, assim como eu, estavam completamente apaixonadas por ela. Ainda acariciava seu lindo rostinho quando tive a sensação de que alguém me olhava. Ergui o olhar e o vi através da parede de vidro. Alto, pele clara, porte físico perfeito, cabelos castanhos levemente acobreados e com os olhos azuis mais profundos e penetrantes que eu já tinha visto olhando diretamente para mim. A visão daquele belo homem me fez estremecer. Corei ao ver seus olhos cravados em mim e sorri timidamente. Mas ele não correspondeu. Apenas me encarava enquanto eu via seu rosto se transformar em uma expressão de dor. Senti-me estranha, queria me aproximar daquele homem. Sentia uma necessidade inexplicável de apagar de seu rosto aquela expressão, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa caitlin e jason pararam ao seu lado. Só então eu entendi. A angústia nos olhos de ambos estava me dizendo que aquele homem era justin e ele tinha descoberto tudo da pior maneira possível.
 Meu coração disparou dentro do peito. Meu sangue corria rápido e descontrolado pelo meu corpo e eu não conseguia me mover. Eu precisava sair dali, mas só observava muda ao sofrimento dele. Meu olhar estava preso no seu. Os irmãos o abraçaram e ele fechou os olhos com força me libertando. Corri.  Corri como uma louca, como se minha sobrevivência dependesse disso. Desci as escadas que davam acesso para a pediatria e disparei pelos corredores do hospital. Eu tremia quando trombei em Ryan que conversava com alicia na porta da sala de traumatologia. O choque do meu corpo contra o peito de ryan me fez perder o equilíbrio. Ele me amparou em seus braços e, como sempre, brincou:

ryan:Hey, calma aí, pequena! Eu sei que eu sou irresistível, mas se você continuar se jogando em cima de mim desse jeito as pessoas vão começar a falar! – ele sorria, mas ao olhar em meu rosto sua expressão tornou-se preocupada.
alicia: O que foi, avril? O que aconteceu com você? – alicia me perguntou com o cenho franzido.

avril:Eu preciso sair daqui, alicia. Eu não consigo respirar. – disse quase sem voz.

ryan ainda me abraçava com força e, preocupado, me conduzia até o estacionamento parando ao lado do meu carro. 

ryan: avril, você não pode dirigir nesse estado. Por favor, me diga, o que está acontecendo com você? Eu quero ajudar!

avril: Eu não posso dizer, ryan. Ainda não. É algo que envolve outras pessoas, entende? Não diz respeito somente a mim.

ryan: Não, avril! Eu não entendo, mas não vou insistir. Quando ou se você quiser falar sobre isso, eu estarei aqui.

Ele assumiu a direção do meu carro e me tirou dali. Eu realmente não conseguia respirar direito. Abri o vidro do lado do passageiro, fechando os olhos e deixando que o vento produzido pela velocidade atingisse meu rosto e bagunçasse meus cabelos. O carro imprimia cada vez mais velocidade aumentando a sensação.  Sorri para ryan em agradecimento. Meu amigo me conhecia como ninguém. Levou-me para Marina Beach. Sabia que quando eu me sentia triste ou angustiada gostava de olhar o mar. O movimento e o som das ondas se quebrando na areia da praia sempre me acalmavam.
                 

     

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segunda-feira, 1 de abril de 2013

voltar a viver capitulo 4

                                                       




jason correu para a porta da sala bloqueando a visão de justin enquanto caitlin empurrava avril de volta para o banheiro. Na ânsia de escondê-la do irmão, caitlin bateu a porta com força demais chamando a atenção de justin para o barulho
justin: O que foi isso, jason? – perguntou curioso.

jason: Não é nada, justin. Você queria falar comigo? Eu estava de saída para fazer uma inspeção pelo hospital. Pode me acompanhar? Conversaremos no caminho.

justin deu um sorriso matreiro para o irmão. Pensou que, na certa, jason estaria escondendo algum rabo de saia em seu banheiro.  Somente por isso não insistiu em entrar. Não queria se intrometer em sua vida e achou melhor acompanhá-lo para fora da sala embora tivesse ficado curioso.

Ao ouvir a porta da sala de jason sendo fechada e as vozes dos irmãos se tornando cada vez mais distantes no corredor, caitlin respirou aliviada. Abriu vagarosamente a porta do banheiro esgueirando-se até a ante-sala onde Jéssica trabalhava e certificou-se de que o perigo não mais existia. avril, assustada e confusa, aguardava de dentro da sala do diretor que caitlin a liberasse para sair. As duas aguardaram alguns minutos até que jason enviasse uma mensagem para o celular de caitlin informando que justin já havia partido.
 Por volta do meio dia, pattie e jeremy chegaram ao hospital a pedido de jason que, junto com caitlin, lhes contou sobre o enorme problema que tinham nas mãos. Ainda que tivessem sido avisados a respeito da espantosa semelhança entre avril e a falecida nora, os dois não puderam evitar que seus rostos transparecessem o choque diante da visão da moça adentrando a sala. Ela não poderia almoçar com os biebers porque um paciente em estado grave exigia sua atenção constante. Após uma longa conversa na sala da diretoria, avril retornou à pediatria enquanto os biebers saíam para almoçar no Arnies. Durante o almoço, tentariam pensar em uma forma de preparar o espírito de justin para conhecer avril. Isso deveria ser feito o mais rápido possível, pois a data do almoço de confraternização se aproximava e eles fatalmente se conheceriam.

Todos já comiam a sobremesa quando ouviram uma voz que os deixou sobressaltados.

justin:Que bonito, não? Quer dizer que agora eu e Brian estamos excluídos da família? Perdemos o direito de almoçar fora com vocês? – brincou justin fingindo-se magoado.

Os quatro se entreolharam assustados com a figura de justin com o filho no colo. Sabiam perfeitamente o que se passava nas cabeças uns dos outros. Tinham tido muita sorte por Avril não ter ido com eles, senão a confusão estaria armada. Haviam escapado por pouco daquela vez, mas eles não poderiam contar sempre com a sorte. justin ainda esperava uma resposta quando caitlin perguntou visivelmente perturbada:


caitlin: justin? Como soube que estávamos aqui?

justin: Eu precisava falar com jason. Quando liguei para o hospital, Jessica me disse que vocês tinham saído para almoçar. Não precisava ser um gênio pra descobrir que estariam aqui. pattie simplesmente adorou este lugar! Mas me digam, por que não nos convidaram também?

pattie: Foi uma decisão de última hora, filho. Perdoe-nos, não pensamos que você quisesse sair de casa. Você passou a noite toda no hospital e achamos que gostaria de ficar em casa curtindo o Brian. – pattie explicou enquanto se levantava da mesa abraçando justin e beijando a testa do neto. – Você já almoçou? Podemos lhe fazer companhia!

justin: Não precisa, mãe! Na verdade nós já almoçamos. Eu só estava passeando com Brian na praia quando vi os carros de vocês estacionados aqui em frente e resolvi dar um “olá”. – disse justin retribuindo ao abraço da mãe.

Após saírem do restaurante, Brian voltou com pattie e jeremy para casa. caitlin voltou para o hospital. justin e jason foram dar uma volta na praia. justin queria falar com o irmão sobre um projeto que tinha em mente para ampliar a ala da pediatria, mas precisava do aval financeiro do diretor. Pediu para jason marcar, ainda para aquela semana, uma reunião com todos os médicos e enfermeiros do setor para que pudessem falar sobre a ampliação e reformular os horários dos plantões. jason se viu acuado. Uma reunião com todos os médicos e enfermeiros da pediatria significaria colocar justin e avril na mesma sala antes do fim de semana. Precisava falar com caitlin. Eles tinham que agir rapidamente ou seus esforços seriam em vão.

Depois de se despedir de jason, justin ainda ficou um tempo sentado num banco em frente à praia olhando para o mar. Pensava em como sua vida havia mudado depois do nascimento do filho. O menino havia lhe devolvido as forças para continuar a viver sem Isa. Era por ele que ainda respirava apesar da saudade sufocante que sentia da mulher.
Naquele mesmo dia completavam-se sete anos desde a morte dos pais de avril. Como fazia todos os anos naquela data, avril saiu do hospital após o fim de seu turno dirigindo-se para a praia. Gostava de se sentar em seu banco favorito de frente para o mar e pensar nos pais. Estacionou seu carro em frente ao Arnies, mas percebeu que seu lugar cativo já estava ocupado. Do outro lado da rua, de costas para ela, um homem aparentemente alto, de ombros largos e cabelos cor de cobre estrategicamente bagunçados fitava o mar. avril cogitou a possibilidade de sentar-se na outra extremidade do banco, mas ele poderia tentar puxar uma conversa e ela queria ficar sozinha. Sem outra opção, decidiu tomar um sorvete, acionando o alarme de seu Aston Martin V12 Vanquish e entrando no restaurante de seu amigo.  Distraiu-se conversando com Arnie enquanto tomava seu sorvete de flocos com calda de caramelo. Haviam se conhecido e se tornado amigos depois que avril retornou a Edmonds e sempre que se encontravam a conversa fluía descontraidamente. avril despediu-se do amigo e saindo do restaurante atravessou a rua sentando-se em seu banco favorito, então vazio. Agora sim, poderia pensar sossegada em sua vida.

Naquela noite avril sonhou com a irmã, mas ao contrário dos pesadelos que costumava ter, nos quais ela a culpava pela morte dos pais, Dorinha trazia no rosto uma expressão preocupada. Seus olhos não mais carregavam o ódio nem o rancor de sempre. Apenas se aproximou de avril com uma lágrima solitária correndo pela face, tocou-lhe os ombros e sussurrou em seu ouvido: “Cuide deles por mim, avril. Eles são tudo o que eu mais amo.”
avril acordou no meio da madrugada ofegante e confusa. Que sonho havia sido aquele? De quem ela deveria cuidar? Levantou-se num pulo e acendeu a luz do quarto fitando a fotografia das gêmeas felizes e sorridentes que se abraçavam no porta-retratos sobre o criado mudo ao lado da cama. Tomou o retrato nas mãos acariciando o rosto delicado da menina de olhos verdes. Como sentia falta da irmã e das confidências que costumavam trocar nas madrugadas de insônia! Sentia falta da sua gargalhada sonora e dos longos passeios que faziam pela praia logo pela manhã.  Ainda intrigada com o sonho que tivera, avril desceu ao andar inferior da casa, encheu uma taça com vinho tinto e sentando-se na varanda de frente para o mar ficou observando as estrelas e ouvindo o barulho das ondas que se quebravam suavemente na beira da praia. Não conseguiria mais dormir naquela noite.

As primeiras luzes do dia surgiam no horizonte quando avril entrou em casa, subindo de volta para o quarto. Precisava tomar um bom banho frio para espantar o sono e o cansaço que ameaçavam tomar conta de seu corpo. Sabia que teria um dia longo de trabalho. Seu paciente mais recente permanecia em estado grave exigindo dela concentração e dedicação absolutas, sem falar que teria que se esconder de justin até que seus irmãos tivessem conseguido prepará-lo para conhecê-la. Após tomar um café da manhã reforçado, avril foi para o hospital. Adorava dirigir pela Admiral Way vendo o mar a sua direita e os barcos dos pescadores saindo para mais um dia duro de trabalho. Sentia-se viva com o cheiro da água salgada invadindo suas narinas, despertando-lhe os sentidos. A lembrança do sonho que tivera durante a noite lhe enchia o coração de esperança. Talvez fosse um sinal de que a irmã a tivesse perdoado.
avril estacionou seu carro ao lado de um Volvo prata e foi direto para a UTI pediátrica. Constatou satisfeita que seu pequeno paciente havia melhorado consideravelmente durante a madrugada e, se continuasse progredindo daquela forma, em poucos dias poderia ser transferido para o quarto. Passou boa parte da manhã visitando as outras crianças sob sua responsabilidade e, por volta do meio dia, desceu até o refeitório para comer alguma coisa. Seu estômago já protestava de fome. Sentou-se com caitlin em uma mesinha mais afastada e ficou sabendo que ao final daquele mesmo dia ela e jason conversariam com justin. O celular de avril tocou. Sorriu ao ver o nome de jasmine, sua grande amiga de infância, no visor do aparelho.

avril: Oi jas, sua sumida! Resolveu se lembrar dos amigos?

A voz de jasmine do outro lado da linha estava estressada.

jasmine: avril, eu preciso da sua ajuda. Um aluno meu está passando mal e já estou a caminho. Por favor, me espere na porta do hospital. Parece ser coisa séria. A diretora da escola está tentando falar com a família, mas ninguém atende ao telefone de casa.

avril despediu-se de caitlin, apressando-se em direção à entrada do hospital. jasmine já descia do carro carregando nos braços um menino de cinco anos que se contorcia de dor. Correram com ele para a sala de emergências onde avril poderia examiná-lo melhor.
avril Olá, meu anjo. Eu me chamo avril. Eu sou médica e vou ajudar você a sarar, está bem? – avril sorria para o menino enquanto o examinava. – Como você se chama?

brian: Brian.

avril: Ok, Brian. Diga pra tia avril o que você está sentindo.

brian: Minha barriguinha está doendo muito e eu não consigo mexer a minha perna. Dói mais quando eu tento.

avril examinou o menino diagnosticando uma crise de apendicite. O menino precisava ser operado o mais rápido possível ou o apêndice poderia estourar causando uma infecção generalizada, e isso seria fatal.    A família do garoto ainda não havia sido localizada e avril não podia mais esperar. Mandou que preparassem a sala de cirurgia e comunicou à amiga o que teria que fazer. jasmine estava assustada, com medo de que a família do menino a processasse por permitir que a cirurgia fosse realizada sem sua autorização, mas avril lhe explicou que, como se tratava de um procedimento de emergência, a família não poderia processá-la. Era um caso que envolvia risco de morte.


 A cirurgia para a retirada do apêndice ocorreu de forma rápida e tranquila. jasmine aguardava na sala de espera quando avril surgiu para tranquilizá-la. O menino passava bem e logo seria transferido para o quarto. A professora informou que a família já havia sido avisada e que o responsável pelo garoto já estava a caminho do hospital.



Um carro rasgava as ruas de Edmonds em alta velocidade. Parou bruscamente fritando o asfalto no estacionamento do hospital. O motorista saltou disparado do veículo sem nem mesmo se preocupar em trancá-lo, largando a chave na ignição e o motor ainda ligado. Correu pelos corredores até a ala pediátrica a procura de notícias do menino que havia dado entrada havia poucas horas. Com o coração acelerado entrou no quarto do garoto que dormia serenamente ainda sob o efeito da anestesia. Com a ponta dos dedos, afastou-lhe os cabelos que caiam sobre a testa numa leve carícia e ali permaneceu segurando-lhe a delicada mãozinha até que seu coração se aquietasse.


jasmine  entrou no quarto minutos mais tarde para ver o menino, avistando o belo homem sentado na poltrona ao lado da cama.  De olhos fechados, parecia adormecido. Ela se aproximou silenciosamente do menino, acariciou-lhe a face e já se preparava para sair quando o homem lhe falou:

justin: Obrigado! Eu não tenho palavras para lhe agradecer por tê-lo trazido rapidamente pra cá. Se você tivesse esperado por mim, talvez eu tivesse chegado tarde demais. – ele disse acariciando o rosto do menino.

jasmine: Não agradeça a mim. Agradeça à Dra. Lavigne. Foi ela quem salvou a vida dele. – respondeu a professora novamente ao lado do garoto.

Os dois ainda conversaram por mais alguns minutos. O homem pediu a jasmine que ficasse com o menino enquanto ele iria procurar a médica para lhe agradecer por salvar Brian.
caitlin e jason corriam pelos corredores do hospital completamente desnorteados. pattie os tinha avisado que Brian havia sido internado com crise de apendicite. Sabiam que justin não estava no hospital e queriam saber o estado do sobrinho antes que o pai fosse informado e surtasse de vez. Entraram no quarto dando de cara com jasmine que lhes tranquilizou quanto à saúde do garoto que já havia acordado. O menino contava como a tia avril tinha cuidado dele quando jason se lembrou de justin. Ele estava demorando muito para chegar.

jasmine: Na verdade, ele já esteve aqui. Pediu para que eu ficasse com Brian enquanto ia agradecer à Dra.jasmine por ter salvado a vida do filho. – disse jasmine despreocupadamente.

caitlin e jason sentiram um frio na espinha. Entreolharam-se apavorados. Tinham que correr. Os corredores do hospital nunca pareceram tão longos e o tempo nunca pareceu tão lento, pensavam enquanto disparavam esbarrando em todos pelo caminho até a entrada da pediatria.

No berçário, avril depositava um lindo bebê recém-nascido de volta no berço. Havia examinado a criança que já estava fora de perigo após o parto prematuro. Seu dia estava sendo muito bom, pensava enquanto se inclinava sobre o berço. Havia tido um sonho bom com a irmã, seu paciente mais recente tinha melhorado consideravelmente, salvara a vida de Brian em uma cirurgia de emergência e o bebê em seus braços estava bem.  Sorriu com esses pensamentos. Ainda acariciava o rostinho do bebê quando se sentiu observada. Levantou o olhar em direção à parede de vidro que separava o berçário do corredor e seus olhos chocolates avistaram o mais lindo par de olhos castanhos cravados nela. avril sorriu timidamente para o homem que a encarava... sofrendo?
caitlin e jason fizeram a última curva dos corredores do hospital parando ofegantes em frente ao berçário, ao lado de justin. Do lado de dentro do vidro, o sorriso de avril desmoronou com o olhar angustiado dos dois. Ela havia compreendido o que estava acontecendo. O estrago estava feito.

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