terça-feira, 19 de março de 2013

capitulo 3






No dia 18 de fevereiro de 2010, os Bieber comemoravam o quinto aniversário do pequeno Brian. A festa organizada por Caitlin também seria a despedida da família da cidade de Nova Iorque. Após terminar seu pós-doutorado em pediatria, justin decidiu mudar-se com o filho para uma cidade menor. Queria proporcionar ao menino uma infância mais saudável, distante da poluição e da violência das cidades grandes.

jeremy já havia providenciado a mudança da família para Edmonds, uma pequena cidade do estado de Washington fundada em 1890. A enorme casa que abrigaria todos os Biebers  já havia sido devidamente reformada e decorada sob os olhos atentos de pattie. Brian não mais dormiria com o pai como vinha acontecendo desde o seu trágico nascimento. Já estava se tornando um homenzinho e seu quarto, ao lado do quarto de justin, havia sido preparado de acordo com seu próprio gosto. Sim, o menino tinha a personalidade forte da mãe e sabia impor sua vontade quando preciso.

Antes de partir, justin foi mais uma vez ao cemitério despedir-se de Isa. Embora tivesse mantido a promessa e voltado todos os dias com uma rosa vermelha durante aqueles cinco anos para contar-lhe orgulhoso as travessuras do filho, ele sabia que demoraria a voltar em Nova Iorque e precisava que ela compreendesse.

justin: Oi amor! Amanhã partimos para Edmonds. Eu sei que você entende que é para o bem do nosso filho. Ele está mais parecido com você a cada dia. É corajoso, forte e tem a sua personalidade. Amor, eu não sei quando vou poder vir te ver novamente, mas eu quero que você saiba que vou te levar comigo no meu coração e nos meus pensamentos.


justin depositou mais uma rosa vermelha sobre a sepultura de Isa antes de sair. Não estava muito seguro se partir com toda a família para uma nova cidade era a coisa certa a fazer. Sabia que eles estariam abrindo mão da vida que já haviam construído em Nova Iorque para embarcar em uma aventura que talvez não desse certo, mas caitlin e jason , padrinhos de Brian, não passariam um dia sequer longe do menino. pattie e jeremy  também não.

O Hospital Regional Stevens era a mais nova aquisição de jeremy. Logo que soube da decisão do filho de se mudar para Edmonds, tratou de procurar um lugar para montar uma clínica. Ficou sabendo, por intermédio de amigos, que o hospital da cidade passava por dificuldades financeiras e corria o risco de ser fechado. Não pensou duas vezes. Fez uma breve viagem à cidade, conversou com os proprietários e já retornou a Nova Iorque como o novo dono do hospital. justin continuaria fazendo aquilo que mais gostava: pediatria. Caitlin, agora formada em psicologia, cuidaria dos recursos humanos e poderia clinicar se quisesse. jeremy poderia voltar a cuidar dos corações dos pacientes. Havia se afastado temporariamente da cardiologia para cuidar da administração do hospital em Nova Iorque, mas agora que jason havia concluído seu MBA em Administração, tomaria conta das finanças e da administração do hospital em Edmonds.

A família chegou à cidade na sexta-feira. Brian já havia sido matriculado na Escola Primária Edmonds e teria sua primeira aula na segunda, quando a família começaria a trabalhar no hospital. Aproveitaram o final de semana para conhecer a cidade e suas redondezas. caitlin adorou o Aurora Marketplace, um pequeno shopping center na Major Highway. pattie ficou encantada com a decoração do Arnies Restaurant e logo fez amizade com o proprietário que, assim como ela, era apaixonado por decoração de interiores.


justin, Brian e jason passaram todo o domingo fora de casa. O menino adorou o Parque Yost e a praia de Marina Beach. Era a primeira vez que via o mar e ficou maravilhado com a cor azul que, segundo ele, era igual a dos olhos do pai. jason também adorou a praia, mas por motivos diferentes dos de Brian. Nunca havia visto tanta mulher linda de uma só vez. Encantou-se especialmente por uma deusa loira, alta, com um corpo de parar o trânsito. Ficou mortificado ao ver que ela estava acompanhada de um rapaz também louro e alto. “É claro que ela tinha que ter um namorado. Uma gata daquelas jamais ficaria sozinha”, pensou jason .

Os três voltaram para casa no final da tarde. Brian dormia no banco de trás quando justin estacionou o carro na garagem. Mal acordou para o banho e para tomar a mamadeira antes de desmontar de vez na cama. Justin estava satisfeito com a animação do filho em relação à mudança. Temia que o menino se sentisse deslocado por não conhecer nenhuma criança na cidade nova. No entanto, ele havia feito diversas amizades na praia e brincado até a exaustão.

Na segunda-feira,justin  fez questão de acompanhar Brian e pattie até a escola. Queria conhecer a professora do filho e sentiu um enorme orgulho ao ver o menino entrar para a sala de aula sem chorar, de mãos dadas com a tia Ângela. Após deixar pattie novamente em casa, justin dirigiu até o hospital. Logo pela manhã haveria uma reunião de apresentação com todos os médicos e funcionários.

A sala de reuniões já estava cheia quando justin entrou. Todos estavam curiosos para conhecer os novos proprietários e, principalmente, para saber se eram verdadeiros os boatos de que haveria demissões. Não era segredo que o hospital, antes de ser vendido, passava por dificuldades financeiras e ninguém tinha certeza de que o novo proprietário pretendia manter o mesmo quadro de funcionários.

A reunião estava prestes a começar. Como proprietário do hospital, jeremy começaria as apresentações e depois daria a palavra a jason para que ele pudesse explicar as medidas administrativas que seriam tomadas dali em diante. jason sentiu seu coração bater descompassado ao reconhecer a deusa loura que entrava vestida de branco na sala de reuniões. Deus deveria gostar mesmo dele para lhe dar numa nova oportunidade de conhecê-la. O enorme sorriso que estampava na face desmoronou ao ver o namorado louro que entrava logo atrás da moça.

Jessica: Dr. bieber, estes são a Dra. jasmine villegas e o Dr. chaz villegas . – disse Jessica Stanley, a secretária da diretoria.

jason fechou a cara. “Droga! São casados!” – pensou. ”Agora é que eu não tenho chances mesmo”.


jeremy os cumprimentou com um aceno de cabeça dirigindo-se a Jessica.

jeremy Falta chegar mais alguém?

jessica:Ainda faltam chegar o Dr. butler e a Dra. Lavigne Eu já os bipei e devem estar a caminho.


Mais dez minutos se passaram e a porta da sala foi aberta. Por ela passou um rapaz , de olhos azuis penetrantes, cabelos pretos arrepiados e um porte atlético de dar inveja.

Ryan: Bom dia! Dr. bieber, eu sou dr. butler, ortopedista aqui no hospital. Desculpe-me pelo atraso, eu estava acabando de atender uma paciente. A Dra.lavigne. 

 me pediu para avisá-los que não poderá comparecer à reunião. Acabou de subir para a pediatria para uma cirurgia de emergência. Pediu que a desculpassem.

jeremy: Não há problemas, Dr.  butler. Teremos outra oportunidade de conhecer a Dra.lavigne.– respondeu jeremy com um sorriso no rosto.

Após apresentar a família para os funcionários do hospital, jeremy passou a palavra para jason  que explicou as novas regras que seriam implantadas e garantiu que não haveria demissões. A reunião durou uma hora e os enfermeiros e funcionários voltaram ao trabalho sentindo-se mais aliviados. As enfermeiras cochichavam pelos corredores a respeito da beleza dos dois filhos homens do Dr. bieber. Não conseguiam entrar em um consenso sobre qual deles era o mais bonito. As opiniões estavam divididas. Algumas suspiravam pelos olhos castanhos de justin e outras se arrepiavam só de pensar em se perderem nos braços de jason.

Apenas os médicos permaneceram por mais alguns minutos na sala de reuniões com os biebers . caitlin havia planejado para o domingo seguinte um almoço de confraternização em sua casa para que eles e a equipe médica pudessem se conhecer melhor. Combinaram que, entre eles, as formalidades seriam deixadas de lado, a começar pela forma de tratamento. “Com tantos bieber no hospital ficaria difícil saber de qual Dr. bieber estaríamos falando”, havia brincado jason.


Ao final de quase seis horas de uma cansativa cirurgia, a Dra.lavigne  dirigiu-se à diretoria do hospital. Queria se apresentar ao novo diretor e renovar seu pedido de desculpas pela ausência durante a reunião daquela manhã. Após uma leve batida, Jessica abriu a porta da sala de jason para anunciar a chegada da Dra. Lavigne. jason, que lavava as mãos no banheiro privativo de sua sala, pediu a Jessica que a deixasse entrar.

jason: Por favor, fique à vontade Dra. lavigne. Eu já irei falar com a senhora. – disse jason ainda no banheiro.

Avril: Não se apresse, Sr. bieber. – Respondeu a médica.

jason terminou de enxugar as mãos e sentiu-se congelar ao retornar para sua sala. Não podia acreditar na visão que estava tendo. Diante de sua mesa estava sentada uma moça de pele clara, cabelos longos loiro, lábios rosados e levemente carnudos. O coração do rapaz batia com força dentro do peito e sua respiração tornou-se acelerada. jason a fitava com os olhos arregalados sem nada dizer. A moça, percebendo que ele não estava muito bem, levantou-se da cadeira em que estivera sentada, caminhando em sua direção.

Avril: Sr. bieber, o senhor está se sentindo mal?

_ ...

avril:Sr. bieber? – insistiu a moça.

jason: jason. – ele conseguiu dizer.

avril: Desculpe-me. Como?

jason: Me... chame de ... jason. – arfou o rapaz.

avril: Certo. jason, o que você está sentindo? Você está pálido.
jason respirou profundamente, sentando-se em sua cadeira sob o olhar atento e preocupado da moça. Em alguns minutos sentiu-se capaz de falar sem gaguejar.

jason: Me perdoe, Dra. lavigne. Devo tê-la assustado. Não era essa a minha intenção. Mas entenda, foi um choque vê-la sentada aqui diante da minha mesa.

A moça franziu o cenho, confusa. Será que ele achava que ela não se apresentaria? Percebendo sua confusão jason tratou de se explicar:

jason: Acho que lhe devo mais desculpas, Dra. lavigne!

_ avril. – disse a moça – Meu nome é avril.

jason Certo, avril. Deixe-me explicar o que aconteceu comigo. Eu disse que fiquei chocado ao te ver porque você se parece muito com uma moça que eu conheci. Essa moça faleceu há cinco anos e quando eu te vi aqui sentada, parecia que ela tinha voltado. Vocês são idênticas. Pra falar a verdade, a única diferença é a cor dos olhos. Meu Deus! Se vocês fossem gêmeas não seriam tão parecidas.

Avril baixou os olhos lembrando-se da irmã com quem não falava havia sete anos.  A última vez em que se falaram, tiveram uma discussão que culminou no rompimento das duas.

avril e a irmã estavam sentadas na sala de estar da casa dos pais. Haviam acabado de voltar do cemitério onde haviam acompanhado o sepultamento de ambos. Estavam caladas, cada uma tentando suportar a própria dor.  avril olhava para o rosto da irmã esperando que ela dissesse algo. Não lhe havia dirigido a palavra desde que soubera do acidente que vitimara os pais. avril dirigia o carro no momento do acidente e sabia que a irmã a estava culpando por tudo. Só estava esperando que ela pusesse tudo para fora.

avril: Diz alguma coisa, por favor! – implorou avril.
_  ...
   
avril:Dorinha, fala comigo! – pediu mais uma vez com lagrimas nos olhos.

A ira, que até então havia permanecido sufocada, explodiu. Dorinha cuspiu na cara de avril  que ela tinha matado os pais e que jamais a perdoaria por isso. avril chorava e tentava explicar que um carro que vinha na contramão a havia obrigado a dar uma guinada forte no volante e que ela não conseguiu manter o controle da direção quando o pneu dianteiro estourou causando o acidente. Mas a irmã não a ouvia mais. Descontrolada, partia para cima de avril lhe dando uma bofetada no rosto e a chamando de assassina. A relação das irmãs havia atingido um ponto sem volta. As gêmeas, antes amigas tão inseparáveis, se separariam ali. Naquele ano, avril havia concluído a faculdade de medicina e, magoada e sozinha, retornou para Edmonds, sua cidade natal. Desde então perdera completamente o contato com a irmã. Não a procuraria. Embora não guardasse magoa, sabia que ela não a receberia bem.

avril foi trazida de volta ao presente pela voz grave de jason.

jason; avril? Você está bem?

A moça o olhou constrangida.

avril: Desculpe-me, jason. Estou bem sim. Só estou muito cansada por causa de uma cirurgia longa e complicada, mas assim que chegar em casa e tomar um banho, vou me jogar na cama e só saio de lá amanhã. – disse sorrindo tristemente.

avril: Seu turno já está quase no final. Vá para casa, avril. Descanse. Meu irmão também é pediatra e ele pode cobrir o resto do seu turno.

avril agradeceu e saiu. Correu até o estacionamento, ligando o carro e correndo para casa. E, assim como havia dito a jason, depois de tomar um banho prolongado e relaxante, desabou em sua cama em um sono profundo.



Muito tempo depois da partida de avril, jason permanecia em choque sentado em seu escritório pensando em como iria dar a noticia a justin. Tinha certeza de que seu irmão iria surtar. Interfonou para Jessica pedindo-lhe que chamasse caitlin, mas ela já havia ido para casa.justin ficaria de plantão naquela madrugada e jason aproveitaria para conversar com caitlin em casa. Não queria que o irmão os surpreendesse. Precisava bolar um plano para prepará-lo para o choque.
Mais tarde naquele dia, jason foi ao quarto de caitlin. Esperava sentado na poltrona que ficava perto da enorme janela do quarto quando a irmã saiu do banho. Fitava o vazio do lado de fora quando ela lhe tocou o ombro preocupada. Já sabia que algo de errado estava acontecendo, mas não imaginava a proporção do problema.

caitlin:O que foi, jason?

jason:caitlin, precisamos conversar.

caitlin: É tão grave assim? A última vez que você falou comigo nesse tom de seriedade foi quando Isa morreu!

jason baixou os olhos e mordeu o lábio inferior.

caitlin: Por Deus, jason! Fale logo! O que está acontecendo? É alguma coisa com o Brian?

jason: Não. Brian está bem. Não se preocupe com ele. O problema é com justin.

caitlin: Como assim? Não estou entendendo. Estive com ele hoje o dia todo e não vi nada de errado.

jason: É que ele ainda não sabe. Quero dizer, ele ainda não viu...


caitlin:Não sabe e não viu o que, jason? Você esta me confundindo!

jason: A avril.

caitlin: Quem?

jason: A Dra. avril lavigne. A pediatra que não estava na reunião hoje pela manhã por causa de uma cirurgia de emergência, lembra?

caitlin: Sim. O que tem ela?

jason: Ela é idêntica à Isa, caitlin. justin vai pirar quando a vir.

caitlin:jason, por mais que essa moça seja parecida com a Isa, eu não acho que nosso irmão vá surtar por causa dela. Ele está mais forte agora.
jason:caitlin, você não está me entendendo. avril não é somente parecida com Isa. Elas são idênticas. A única diferença está na cor dos olhos. Os de Isa eram verdes e os de avril são azuis derretido.

caitlin:Qual é, jason? – disse caitlin incrédula.

jason:caitlin, eu vou te explicar melhor. Lembra da Isa? Pele clara, cabelos castanhos avermelhados, lábios rosados e levemente carnudos e olhos incrivelmente verdes?

caitlin:Claro que me lembro, jason! Ela era linda.

jason: Pois então? Pega a Isa e pinta os olhos dela de castanho da cor de chocolate. É a avril, caitlin. Entendeu? Até o corpão é igual, a mesma altura, tudo!

caitlin começou a compreender a preocupação do irmão. Se avril fosse realmente tão parecida com Isa como jason estava dizendo, justin poderia não reagir muito bem. Os irmãos combinaram que no dia seguinte contariam aos pais sobre a semelhança de avril com Isa e juntos fariam um plano para preparar justin para conhecê-la. jason também prometera a caitlin que as apresentaria na primeira oportunidade no dia seguinte.

O dia amanheceu sem que jason e caitlin conseguissem pregar os olhos. Juntos, saíram mais cedo para o hospital. Tinham que evitar que avril e justin  se encontrassem antes da hora, afinal os dois trabalhavam na pediatria e o encontro seria inevitável.
 Assim que chegou ao hospital, avril foi avisada para comparecer à diretoria antes de seguir para a pediatria. Cumprimentou Jessica e pediu que ela a anunciasse para jason. Ele veio recebê-la na porta da sala convidou-a para entrar dando ordens expressas a Jessica para que só permitisse a entrada de caitlin e de mais ninguém. avril achou a atitude de jason um pouco estranha, mas não se manifestou. Mais estranho ainda era o fato de ter sido chamada na sala do diretor que após quase vinte minutos de conversa fiada ainda não tinha dito a razão de tê-la chamado ali. Precisava visitar seus pacientes e ele a estava fazendo perder tempo.

avril:jason, me perdoe, mas eu tenho que visitar meus pacientes. Eu realmente preciso ir. Podemos nos falar outra hora?

jason:avril, espere só mais um tempinho. Eu preciso te apresentar uma pessoa. É muito importante, por favor.

avril: Certo. Enquanto isso, eu posso usar o seu banheiro?

jason assentiu e avril encaminhou-se para o banheiro de onde podia ouvir uma voz feminina que falava com jason. A pessoa a quem ela seria apresentada finalmente havia chegado. avril acabou de enxugar as mãos e abriu a porta que dava acesso à sala do diretor. Parou confusa quando uma moça que a olhava assustava soltou um grito antes de desmaiar.

jason correu até caitlin, pegando-a no colo e deitando-a no enorme sofá de sua sala enquanto  avril  pegava um copo d’água.
 avril:jason, por favor, me explique o que está acontecendo aqui. – pediu avril assustada.

jason:avril, eu te disse ontem. Você se parece muito com uma pessoa que nós conhecemos e a semelhança é realmente assustadora. Por isso caitlin desmaiou.

 avril:Quer dizer que eu ainda vou causar esse tipo de reação no restante da sua família?

avril havia tocado no ponto.  não sabia o que responder. caitlin já voltava à consciência enquanto avril ainda esperava uma resposta para sua pergunta. Tremendo, pegou das mãos de avril o copo com água bebendo-a de uma só vez. Ainda sentia a garganta seca e seu coração parecia querer saltar do peito pela força com que batia. Ela encarava cailin sem acreditar no que seus olhos viam. Agora entendia com exatidão a preocupação de jason em relação a justin.

jason: caitlin, esta é a Dra. avril lavigne, mas ela prefere ser chamada de avril. avril, esta é a minha irmã caitlin.

avril:Olá, caitlin. É um prazer conhecê-la. Se sente melhor?

caitlin nada disse. Apenas assentiu com a cabeça ainda encarando avril com os olhos arregalados. Depois de alguns minutos, ela já conseguia balbuciar algumas palavras.

caitlin: Meu Deus, jason! O que nós vamos fazer? – perguntou caitlin.

jason: Não sei, caitlin, mas nós temos que fazer alguma coisa e rápido. Não vamos poder esconder a avril por muito tempo.
avril: Esperem aí. Por que eu teria que me esconder? – perguntou avril confusa.

Foi jason quem começou a explicar.

jason:avril, você se lembra que eu te contei que você era muito parecida com uma moça que eu conhecia e que essa moça tinha morrido?

avril assentiu com a cabeça.

jason: Então... essa moça era a mulher do meu irmão. Quando ela morreu, ele quase perdeu a razão. Foi muito difícil trazê-lo de volta, entende? Nós não sabemos qual será a reação dele quando a vir. Pela forma como eu e caitlin reagimos quando a vimos, você consegue entender a nossa preocupação?

avril estava assustada e constrangida.

avril:jason, o que vocês querem que eu faça? Eu não posso me esconder pra sempre. Eu entendo a preocupação de vocês, mas eu tenho meus pacientes pra cuidar e, pelo que eu entendi, seu irmão é pediatra também ... então ... nós fatalmente vamos acabar nos encontrando.

jason: Nós sabemos disso, avril. Só precisamos descobrir uma forma de contar pra ele, de tentar minimizar o choque, entende? A primeira coisa que temos que fazer é apresentar você para os nossos pais. Você pode almoçar conosco hoje? Vou pedir para que eles venham até aqui e vamos almoçar fora e conversar a respeito, ok? Eu preciso que você fique mais um tempinho aqui. O plantão de justin já deve estar acabando e ele irá para casa. Aí você poderá visitar seus pacientes sem correr o risco de trombar com ele pelos corredores.

avril levantou-se da cadeira, caminhou pensativa até a janela e aceitou o pedido de jason. caitlin levantou-se andando em direção a avril dando-lhe um forte abraço em agradecimento. avril retribuiu o abraço, sorrindo. Nesse momento, a porta da sala se entreabriu levemente enquanto o sangue de jason congelava nas veias.

justin:jason, posso falar com você? – a voz aveludada de justin preencheu toda a sala.

continua com 4 comentários amei os três comentários os anonimo por favor bote seu nome 

o que será que vai acontecer isso você só vão saber no próximo capitulo







quinta-feira, 14 de março de 2013

voltar a viver capitulo 2

                                                             
                             





   Justin leu pela última vez o nome de Isadora Bieber na fria lápide do túmulo da esposa antes de voltar para casa. Saiu prometendo a Isa que voltaria todos os dias para contar-lhe as novidades sobre o filho. Precisava tocar a vida para frente, mas não seria capaz de deixá-la fora de sua vida. Ainda não.

Narrado por Jason

A última coisa de que me lembrava antes de acordar em um leito de hospital com uma dor de cabeça lancinante era do rosto ensanguentado de Isa dentro do carro. Ninguém me dizia como ela estava e não me deixavam levantar daquela maldita cama. Eu precisava vê-la, precisava saber se estava viva ou se eu a tinha matado. Pensava em como estaria meu irmão. Deveria estar me odiando naquele momento. Não poderia culpá-lo. Eu mesmo me odiava. Não compreendia direito como o acidente tinha acontecido. Tudo não passava de um borrão. O sinal havia ficado verde me dando passagem livre. Um estrondo. Uma dor forte na cabeça. Escuridão.
Eu precisava saber até que ponto eu tinha acabado com a vida do meu irmão. Tentei mais uma vez me levantar da cama e novamente um brutamontes vestido de branco me impediu. Senti uma leve picada no braço e meu corpo foi tomado por um suave torpor antes que eu caísse novamente na escuridão.

Não sei quantas horas fiquei sedado, mas assim que fui liberado pulei daquela maldita cama de hospital. Será que ninguém entendia que eu precisava estar com a minha família? Na sala de espera, minha família estava à espera de justin. Ele havia entrado na UTI para ver Isa. Brian estava em uma incubadora recebendo oxigênio. “Meu Deus, o que eu tinha feito?” Não conseguia deixar de pensar que se algo acontecesse com Isa ou com Brian a culpa seria toda minha.

Eu ouvia horrorizado enquanto meu pai me contava como o acidente tinha acontecido. Não conseguia acreditar que um imbecil teria enchido a cara e dirigido em alta velocidade pra acabar batendo justo no carro em que nós estávamos. O desgraçado havia morrido na hora. Pena. Merecia amargar o resto da vida na cadeia por quase tirar a vida de pessoas inocentes. Merecia viver com a culpa e ser devorado por ela a cada maldito segundo de sua vida miserável.

Três dias depois de seu nascimento, Brian pôde ser levado para casa. Já estava fora de perigo e cresceria como uma criança normal. Alívio. Isa continuava em coma e justin se dividia entre o filho e o hospital. Não falava muito. Eu sabia que ele estava sofrendo. Desde pequeno, sempre que algo o magoava se fechava silencioso em sua própria concha até a dor passar. Assim, quando não estava com Isa no hospital passava o dia trancado no quarto com o filho.

Nunca pensei que alguém pudesse suportar tanto sofrimento como o que meu irmão estava enfrentando. Isa teve que ser submetida a uma cirurgia de emergência para aliviar a pressão no cérebro. Se justin não tinha enlouquecido ainda, eu estava certo de que faltava bem pouco. Ele não falava, não comia direito, não dormia bem. E eu estava certo. justin simplesmente perdeu o chão e a razão quando Isa nos deixou. Eu podia ver e sentir a dor que ele tentava sufocar em seu peito enquanto se agarrava ao filho durante o velório. Brian era a única coisa no mundo que o impedia de perder completamente a sanidade, por isso decidimos deixá-lo abraçado ao menino por toda a noite. A seu pedido, o caixão de Isa permaneceu fechado. justin sequer olhou para ele, não suportaria ver a mulher da sua vida ali. Morreria com ela.
 Na manhã do dia seguinte, nos despedimos definitivamente de Isa. Meu irmão permanecia calado enquanto depositava uma rosa vermelha no túmulo da mulher. caitlin segurava Brian no colo e olhava em volta em busca de apoio. Suas forças já estavam chegando ao fim. Tomei Brian nos braços e caitlin sorriu em agradecimento abraçando minha cintura. Deixamos justin diante da sepultura se despedindo da esposa e fomos para o carro que nos esperava na porta do cemitério. 

Os dias que se seguiram foram muito difíceis para toda a família, principalmente para justin. Passava o tempo todo abraçado ao filho como se tivesse medo que ele o deixasse. Cuidava dele como se fosse feito da mais fina e frágil porcelana. Ficava alarmado toda vez que o menino  chorava, mesmo que fosse somente para que lhe trocassem as fraldas ou para que lhe dessem de mamar.

Pattie:justin, você não precisa se preocupar tanto, meu filho. – minha mãe tentava acalmá-lo.

justin: Ele é muito pequeno e frágil, mãe. – respondia simplesmente.

justin estava enganado. Brian era pequeno sim, mas não era frágil. Só ele não percebia que o menino era tão forte que lhe servia de apoio. Eu sei, era muita responsabilidade para alguém tão pequeno, mas era a mais pura verdade. justin era o lado frágil naquela relação, só ele não conseguia enxergar a verdade. Era ele quem estava a ponto de se partir a qualquer momento, não o menino.
Narrado por Jeremy

Minha família sempre foi unida, mas depois da tragédia que aconteceu na vida de justin sentimos a necessidade de uma aproximação ainda maior. Precisávamos apoiá-lo e ele precisava sentir que estaríamos lá para ajudá-lo quando e onde precisasse. justin se afastou temporariamente do hospital para cuidar pessoalmente do pequeno Brian. Havíamos combinado que quando ele se sentisse seguro novamente a ala da pediatria estaria esperando pronta para recebê-lo. Eu sabia que ele não poderia cuidar de outras crianças sem estar seguro da saúde do próprio filho.

Dois meses depois da morte de Isa, justin ainda parecia um zumbi. Não se alimentava direito, havia emagrecido muito deixando-nos preocupados. A cada dia parecia mais frágil, deprimido. Sorria apenas para o filho, mas seu sorriso era triste. Seus olhos castanhos estavam opacos. Haviam perdido aquele brilho que eu tanto amava. Descuidou-se da própria aparência, deixando a barba crescer e vestindo sempre roupas velhas e maltratadas.

Evitávamos tocar no nome de Isa na frente de justin. Seu rosto sempre se contorcia de dor quando ouvia seu nome e não suportávamos mais assisti-lo sofrer daquele jeito. É claro que sentíamos saudades, mas justin era nossa prioridade.  Meu neto crescia assustadoramente rápido. Era um menino forte, um guerreiro bieber, brincava jason. caitlin e pattie se desdobravam para que o garoto tivesse sempre uma referência materna presente em sua vida já que infelizmente nunca conheceria a mãe. 
pattie chorava todas as noites no nosso quarto antes de dormirmos. Seu coração de mãe já não aguentava mais ver o filho naquele estado e eu sentia que teria que tomar uma atitude em breve, antes que minha mulher também caísse doente.justin não parecia estar se recuperando e eu não poderia permitir que pattie sofresse mais. Meu peito doía ao vê-la chorar por nosso filho. Decidi que não esperaria mais. Certifiquei-me de que pattie dormia em sono profundo e levantei-me vagarosamente da cama seguindo para o quarto de meu filho. Precisava dar um fim àquele sofrimento todo, nem que para isso tivesse que ser duro com justin.

A porta do quarto de justin estava entreaberta e antes de bater percebi que ele não estava sozinho. Havia alguém no quarto conversando com ele. Afastei-me para não ser visto e reconheci a voz de caitlin que suplicava ajustin para que reagisse. Ela lhe disse palavras duras, mas que eu sabia que surtiriam um efeito maior do que se fossem proferidas por mim. Voltei para meu quarto orgulhoso de minha menininha. Minha caçulinha podia ser pequena, mas virava uma fera quando se tratava da felicidade do irmão. Deitei-me novamente ao lado de minha mulher com a certeza de que em breve nossas vidas voltariam ao normal. Abracei-me ao meu amor e dormi tranqüilo pela primeira vez em dois meses.

 Narrado por Pattie

Minha família estava se despedaçando e eu não sabia mais o que fazer para juntar os pedaços. Chorava todas as noites em meu quarto sentindo-me perdida sem conseguir ajudar meu filho a sair da depressão. Assistia calada ao sofrimento de caitlin que chorava pelo irmão. jason, sempre tão alegre e brincalhão, já não sorria mais. Vivia triste pelos cantos da casa e eu sabia que ele ainda se culpava pelo acidente. Nada do que disséssemos lhe demovia dessa ideia absurda. jeremy sofria por minha causa. Brian era o único que, em sua inocência, crescia feliz e tranqüilo.

Todos os dias, o lugar de justin à mesa ficava vazio durante as refeições. Justo ele, que sempre adorou ver a mesa cheia de gente, nos evitava.  Eu sentia que ficaria doente e não demoraria muito. Sabia que jeremy estava apreensivo por minha causa. Ele também percebia que eu não estava bem. A única coisa que eu temia era que ele tomasse alguma atitude precipitada em relação a justin. Tentava me fazer de forte para que ele não se preocupasse tanto, mas não acho que estava tendo sucesso.

Certa noite, depois de mais um jantar sem justin à mesa, senti jeremy se levantar cuidadosamente da nossa cama. Ele não percebeu que eu ainda estava acordada e saiu do quarto escondido. Eu sabia o que ele ia fazer e morria de medo. Meu coração batia forte no peito esperando que os gritos começassem, mas pouco tempo depois jeremy retornou ao nosso quarto, deitando-se ao meu lado e aconchegando-se ao meu corpo. Deu-me um leve beijo nos lábios e abraçado a mim, adormeceu.
Acordei sobressaltada durante a noite com o ruído forte de uma porta batendo. Pensei ter ouvido a voz de minha filha gritando e fiz menção de levantar-me da cama. jeremy me puxou de volta para si, abraçando-me com força dizendo que eu havia sonhado e que o vento havia batido a porta. Esperei para ter certeza de que os gritos não voltariam. A casa estava mergulhada no mais absoluto silêncio e, assim, abraçada ao meu amor, dormi tranquila.


Narrado por Caitlin

Desde pequena, sempre fui mais apegada a justin do que a jason. É claro que eu sempre amei os dois de forma igual, mas minha afinidade com justin sempre foi mais evidente. Acho que por termos idades mais próximas. jason era cinco anos mais velho do que justin enquanto eu era apenas um ano mais nova do que ele. Minha mãe costumava contar que quando eu era bebê só parava de chorar nos braços de justin e ele se gabava com jason dizendo que eu o amava mais. Nossa ligação parecia ser mais uma daquelas coisas espirituais sem explicação lógica. A única coisa que tínhamos certeza é que era forte, muito forte. Por isso, ver meu irmão sofrer daquele jeito por causa de Isa me fazia sofrer também. A dor de justin era a minha dor.


Dois meses depois da morte de Isa, justin afundava cada vez mais em um buraco sem fundo e arrastava toda a nossa família com ele. Eu via minha mãe chorando em segredo, escondida em seu quarto. Via meu pai sofrendo sem saber o que fazer para consolá-la e tirar justin daquela depressão. Via jason ainda se sentindo culpado pelo sofrimento de nosso irmão. Era absurdo. Ele achava que se tivesse tomado mais cuidado e olhado para ver se não vinha nenhum carro antes de atravessar o cruzamento poderia ter evitado o acidente. Mas quem poderia esperar que um louco bêbado avançasse o sinal fechado justo naquele momento?

A verdade era que eu já não tinha mais capacidade de aguentar tanta tristeza. Sabia que justin   precisava de um tempo para se fortalecer antes de retomar sua vida e seguir em frente, mas sentia que ele estava a ponto de se partir em mil pedaços. Isso eu não poderia permitir ou eu me despedaçaria também. Após termos jantado mais uma vez sem justin à mesa, decidi que conversaria com ele naquela mesma noite. Não esperaria nem mais um dia. Diria a ele tudo o que eu pensava e pedia a Deus para me dar a coragem de ser firme o bastante com ele.

Esperei que meus pais se recolhessem e fui para o quarto de justin. Brian dormia sereno sobre a cama de casal. Podia ouvir o barulho do chuveiro ligado e aproveitando-me da ausência de justin levei o menino para o quarto de jason. Eu já havia pedido a ele que tomasse conta de Brian enquanto eu conversava com meu irmão. As coisas poderiam sair do controle e eu não queria o menino no meio de uma discussão.

Quando justin saiu do banheiro eu já o esperava sentada em sua cama. Ele parou ao ver que o filho não estava mais lá, me olhando desconfiado.
caitlin:Não se preocupe. Brian está bem e está com nosso irmão. Preciso conversar com você. Sente-se aqui. – disse batendo na beirada na cama ao meu lado.

justin: Eu já sei o que você vai dizer, caitlin. Mas não quero falar sobre isso agora.

caitlin:Tem que ser hoje, justin, agora.

justin virou-se em silêncio para a janela do quarto ficando de costas para mim. Pelo reflexo do vidro eu podia ver seus olhos cheios de lágrimas e minha coragem quase desapareceu. No entanto, eu sabia que se eu não fizesse aquilo ele se perderia definitivamente.

caitlin: Olhe para mim, justin! – ele permanecia de costas. – justin? – nada – Ótimo, já percebi que vai ser um monólogo. Que assim seja.

justin virou-se na direção da porta. Iria fugir. Corri, trancando a porta e retirando a chave colocando-a dentro da minha blusa.

justin: caitlin, abra essa porta agora! – ele me olhava furioso.

caitlin:Você vai me ouvir, justin. Quer você queira ou não.

justin: Me dê essa chave, caitlin! – justin tremia de nervoso.
caitlin: Você não pode continuar fazendo isso com a gente, justin. Não é justo. Eu sei que você está sofrendo. Ninguém mais do que eu sabe disso, mas não é justo você se afundar nesse buraco e arrastar toda a nossa família junto.

justin franziu o cenho, confuso. Ele esteve tanto tempo mergulhado na própria dor que não tinha se dado conta de que sofríamos com ele.

justin:caitlin, do que você está falando?

caitlin:Meu anjo, você acha mesmo que nós não percebemos a sua dor? Você acha realmente que nós não estamos sofrendo por você? Você está tão mergulhado na sua própria dor que não percebe que esta acabando com a gente, justin. Vejo você se esgueirando pela casa, saindo escondido todos os dias para ir àquele maldito cemitério. Eu te segui, justin, eu vi. Eu vejo a nossa mãe chorando todos os dias por não saber o que fazer para acabar com a sua tristeza. Vejo o nosso irmão se sentindo culpado pelo seu sofrimento. Você sabia que ele enfiou na cabeça que poderia ter evitado o acidente? Que deveria ter adivinhado que aquele imbecil ia avançar o sinal? Você sabia que o nosso pai não suporta mais ver a nossa mãe chorar sem poder consolá-la? Não, justin, você não sabia. Sabe por quê? Por que você se fechou nessa sua maldita concha e não permite que ninguém se aproxime de você.

justin se sentou na poltrona com as mãos na cabeça e os cotovelos apoiados nos joelhos. O choro represado havia dois meses explodiu com fúria. Eu já havia chegado até ali. Não podia mais recuar. Por mais que me doesse dizer o que eu iria dizer, tinha que fazê-lo.

caitlin: LEVANTE ESSA CABEÇA, JUSTIN. PARE DE SENTIR PENA DE SI MESMO E RETOME A SUA MALDITA VIDA! OLHE-SE NO ESPELHO E VEJA O LIXO QUE VOCÊ SE TORNOU. SABE DE UMA COISA? A ISA DEVE ESTAR MUITO DECEPCIONADA COM VOCÊ. TENHO CERTEZA DE QUE NÃO FOI POR ESSE HOMEM FRACO QUE ELA SE APAIXONOU. NÃO FOI ESSE COVARDE QUE SE ESCONDE DO MUNDO QUE ELA ESCOLHEU PRA SER O PAI DO FILHO DELA. PORTANTO, MEU IRMÃO, SE VOCÊ QUISER FICAR SE CONSUMINDO NA AUTOPIEDADE, FIQUE SOZINHO, PORQUE EU ESTOU DESISTINDO DE VOCÊ. – gritei chorando antes de sair correndo do quarto e bater a porta com força.

  Eu sabia que justin viria atrás de mim, mas tinha atingido meu limite e não aguentava mais aquela situação. jason me esperava de braços estendidos no corredor. Havia escutado meus gritos e sabia que eu precisava de colo. Joguei-me aos prantos em seus braços e fui levada para o meu quarto. jason sentou-se em minha cama comigo no colo enquanto me embalava como a uma criança e acariciava suavemente meus cabelos. Agarrei-me a ele com força enterrando meu rosto em seu peito. A porta do quarto foi aberta, eu sabia quem era.

justin:caitlin... – justin  tentou falar, mas foi interrompido por jason.

jason: Chega, justin!

justin engoliu em seco fechando a porta do quarto ao sair. Eu chorava e tremia agarrada a jason que continuava me abraçando com força.

jason: Shh... Acabou, meu anjo, acabou. Não chore mais. Eu estou aqui e não vou a lugar algum.

caitlin: Eu disse coisas muito pesadas pra ele,jason. Fui dura demais! Falar da Isa foi crueldade! – consegui dizer entre soluços.

jason: Não, caitlin. Você só disse o que ele precisava ouvir. Ele tinha que acordar desse pesadelo, minha pequena. E só você tinha poder sobre ele pra trazê-lo de volta pra nós. Agora durma. Eu estou aqui, meu anjo. Eu estou aqui com você.

Não sei por quanto tempo ainda chorei, mas jason cumpriu sua promessa e ficou ali abraçado a mim até que eu me acalmasse. E sentindo-me protegida, entreguei-me ao mundo dos sonhos. 


Narrado por Justin

De todos os meus pesadelos, o pior havia se tornado realidade. Isa me deixara. Eu não sabia viver sem ela ao meu lado.  Olhava para o nosso filho sem saber o que fazer. Sentia que tinha que reagir, por ele, mas não tinha forças. Afundava a cada maldito dia num buraco cada vez mais fundo e mais escuro. Não conseguia sair de lá. Minha luz havia se apagado com a partida de Isa. Passava os dias trancado no quarto só saindo para ir ao cemitério. Pode parecer besteira, mas me sentia mais perto dela dessa forma. Não suportava sentar-me à mesa com minha família e ter que encarar o lugar vazio onde antes se sentava a minha mulher, portanto passei a fazer minhas refeições no quarto, sozinho. Doía menos assim.

Brian era a minha única razão para continuar respirando. Eu sabia que ele merecia mais do que o pai zumbi que eu havia me tornado, mas a saudade ainda era mais forte do que eu. Ainda sentia aquele aperto no peito, ainda respirava com dificuldade embora soubesse que precisava escalar de volta aquele buraco escuro e buscar novamente a luz. Faltava-me o fôlego.

Mais uma noite em que eu teria que enfrentar a cama fria sozinho. Aproveitei que Brian havia dormido para tomar um banho. caitlin me esperava sentada em minha cama quando retornei ao quarto. Meu filho não estava mais lá. Ela o tinha deixado com jason dizendo que precisava conversar comigo. Eu sabia muito bem o assunto daquela conversa e não estava nem um pouco disposto a levar aquilo adiante. Tentei fugir do quarto, mas caitlin foi mais rápida trancando a porta e escondendo a chave dentro da blusa. Eu estava acuado.
As palavras duras de caitlin ainda ecoavam em minha cabeça depois que ela saiu chorando batendo a porta com força. Ela tinha razão. Eu estava afundando em um buraco escuro e arrastando toda a minha família comigo, inclusive meu filho. Mas o que me fez reagir foi pensar que Isa, onde quer que ela estivesse, pudesse estar decepcionada comigo e arrependida por ter me escolhido como pai do seu filho. Eu precisava falar com caitlin, precisava dizer que ela estava certa, tinha que admitir que precisava e queria o apoio minha família que, no fim das contas, sempre esteve ali. Só eu que fui cego e egoísta o bastante para não enxergar a verdade.

Corri para o quarto de caitlin. Ela chorava no colo de jason. Doeu vê-la ali. Era no meu colo que ela costumava se abrigar quando alguém a magoava. Mas desta vez, eu a tinha magoado. E ela não merecia. Meu egoísmo havia magoado a todos e nenhum deles merecia. Tentei falar com caitlin, mas jason me impediu. Ela estava em seu limite. Engoli com dificuldade o nó que havia se formado em minha garganta e saí, fechando a porta do quarto. caitlin precisava descansar. Eu precisava descansar. Falaria com ela na manhã seguinte, pediria desculpas a todos por minhas atitudes e acabaria de vez com aquela agonia. Levei Brian de volta para o quarto e abraçado ao meu menino dormi esperançoso, pois havia compreendido que não estava sozinho.
continua com 3 comentários estou triste no primeiro capitulo só tinha 1 comentários